terça-feira, 5 de janeiro de 2010

2003...

É muito, muito, mas muito bom trabalhar com o que se gosta. Foi pensando nisso, na fusão entre trabalho e diversão, que decidi abandonar o futuro de engenheiro frustrado para ser um muito realizado estudante de psicologia. Primeiro, a troca não passava de um devaneio, mas logo já estava decidido (palavra mal empregada, pois não foi uma questão de escolha, era mais forte do que eu) a subverter o rumo da minha já encaminhada vida profissional. Comunicar família, enfrentando sua resistência típica diante da desacomodação foi o primeiro passo. E o primeiro grande obstáculo: o vestibular, ou seja, parar a vida por um ano, estudar, passar e tornar a viver depois, já com a vaga garantida. Mas não podia parar. Havia ainda faculdade (a de engenharia, incluindo meu odiado trabalho de conclusão), namorada, amigos, minha própria sanidade. Tudo isso não esperaria um ano.

Início de 2003 e eu já envolvido em pré-vestibular. Eis que surge uma palestra sobre ansiedade e vestibular (e eu sou ansioso!). Fui assistir, não tinha nada a perder. O Dr. Daniel lá na frente, contando sobre sua vontade de ser médico, as inúmeras tentativas de passar no vestibular (acho q foram 13), o seu ingresso na faculdade de engenharia e a felicidade de tornar-se médico (final feliz). Foi identificação à primeira vista.

Abril: passei a freqüentar um dos grupos. Eram encontros semanais. Nos primeiros, tudo estava sempre bem para todos. Ilusão. Os problemas começariam a pipocar nas reuniões: doenças na família, brigas com os pais, dificuldades financeiras, namorados, insônia... Aquela pequena sala tornou-se o espaço de “colocar para fora” o que pudesse desviar da aprovação. E, acredite, há muita coisa que faz isso. Junho (nossa, já era metade do ano). Seguiu-se o fortalecimento de laços, que ocorre após dificuldades: amizade, companheirismo. E, quando percebi, era setembro... e o que havia ali, naquelas reuniões, que me ajudava? Era meu porto seguro. Falava, ouvia, aconselhava-me, entrava em contato com outros na mesma situação que eu. Todos haviam parado um pouco sua vida naquele ano. E foi um ano complicado, com problemas de toda sorte. Ali havia um grupo pronto para apoiar. Mantive estudos regulares, apesar de toda ansiedade. Não engordei (pavor de muitos vestibulandos). Dezembro: a reta final (mês do desespero total), com aulas até aos domingos. Janeiro: (ai, meu Deus!), o coração saindo pela boca de todos na reunião. O resultado: APROVADO... a alegria... a certeza de que o esforço foi válido.

José Luís Longo - Engenheiro, aprovado em 1º lugar Psicologia/UFRGS 2004.

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